Desafios
da pesquisa.
Entre o clássico e o emergente.
Antonio Gramsci (1891-1937) escreveu
anotações e pensamentos para serem jogados fora no final do dia. Pierre
Bourdieu (1930-2002) escreveu um livro para ser queimado. As anotações não
foram jogadas fora e o livro não foi queimado, Bourdieu e Gramsci são
referenciais teóricos respeitados e conceituados em trabalhos de análise de
fatores das ciências sociais e atores sociais, de uma sociedade líquida aonde os
conceitos vão se misturando e se adicionando com mais facilidade.
Pesquisas para serem defendidas,
respeitadas e acatadas pela comunidade científica precisam ter um ineditismo do
tema ou serem olhadas e analisadas por outros ângulos, novos olhares e outras
vertentes do conhecimento.
A pesquisa clássica busca
informações nas fontes primárias como manuscritos, anotações, depoimentos,
riscos e rabiscos. Bibliografias confiáveis e pesquisas publicadas, depoimentos
e/ou acompanhamentos in loco. Os
dados são tabulados e interpretados por cientificismos e cartesianismos, uma
visão focal e pragmática. Os dados precisam obedecer a normas pré-estipuladas,
caso contrario são descartados.
O método científico de
interpretação e conceitos, adotado por mestres e doutores da academia, é um modelo
que o pesquisador detém mais tempo em formatação do trabalho, obedecendo a
normas, padrões e regras, como ABNT e Vancouver, do que analisando e tirando
conclusões. Comportamentos de academias e confrarias de diplomas raros, onde quanto
maior o conhecimento, mais restritas são as cátedras.
O mundo mudou, as
estratégias evoluíram, emergem novos conceitos e novas fontes de pesquisa. Bancos
de dados oficiais e oficiosos estão disponíveis na internet. Pesquisas terminadas
e em andamento também: teses, dissertações, monografias, opiniões, resenhas e
artigos. Revistas científicas têm agora suas edições on line, e antes da publicação gráfica podem ser disponibilizadas
em formato PDF A busca por fontes primárias ainda está disponível, e uma coleta
de dados é solucionada e facilitada com equipamentos fotográficos, celulares
com câmeras, tablets, note e net books, todos ao alcance das mãos e acondicionados em pequenos cases. Os arquivos de pesquisas em
desenvolvimento podem ser salvos em mídias magnéticas ou em nuvens, podendo ser
acessados de qualquer ponto remoto.
.A ordem social é outra, a
globalização econômica corre junto com a socialização do conhecimento. As
agencias de fomento à pesquisa discutem, defendem e adotam estratégias e ações
para a difusão e popularização do conhecimento.
Champollion decifrou o indecifrável,
arqueólogos montaram cacos para entender civilizações antigas. Na Era do Big
Data nada é desprezado, tudo que é feito e desfeito na internet é arquivado em
bancos de dados, desafiante será saber se tem valor de conhecimento ou
informação.
Enquanto este texto é lido
milhões de informações são lançadas no mundo digital, onde a unidade de medida
é em 3V, velocidade, volume e variedade. O grande desafio da pesquisa agora é
saber descobrir, manipular, interpretar a grande oferta de conhecimento e
informações. Uma pesquisa no meio digital pode encontrar temas transversais
vinculados ao item da pesquisa. O pesquisador precisa de um conhecimento
plural, para definir e excluir o que serve e o que não serve a sua pesquisa.
Conhecimento que precisa ser fundamentado ao lustrar bancos escolares e
pesquisas particulares. O segundo desafio é a ética biológica e intelectual. E
o terceiro desafio é compreender o pós-humano que tem sempre um novo alvo em
busca de novas metas.
Informática em Revista
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Natal=Parnamirim/RN — 20/05/2013
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Roberto
Cardoso
(Maracajá)
Cientista Social
Jornalista
Científico
Sócio Efetivo do
IHGRN
(Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte)
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