terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O carnaval dos abusos pelas ruas e calçadas


O carnaval dos abusos pelas ruas e calçadas

 PDF 576



Uma manifestação diária, que acontece nas ruas

 PDF 575



Empresários e representantes do governo, se reúnem regularmente para traçar planos de transportes e aumentos de tarifas. A dominação da malha viária urbana, pelos poderes públicos e privados. E os empresários como categorias detentoras de capitais financeiros, influenciando a vida da cidade e suas artérias viárias, controladores de monopólios e oligopólios, dominando territórios, estão sempre com tabelas e planilhas mostrando as suas perdas de lucros, seus desajustes financeiros. Justificadas por seus custos, de mão de obra, manutenção da frota e combustíveis.

Mas um carnaval com desfile de carros, acontece diariamente em ruas, avenidas e estradas. Um carnaval de cores; luzes, vidros e espelhos. E o desrespeito, pelos que assistem o desfile, por quem anda em calçadas e acostamentos. O bloco dos carros, insistem em arrastar os pedestres de ruas e calçadas. Tornam-se uma ameaça, a quem anda a pé. Também travam lutas entre si. No final de um feriado são apresentados os resultados de acidentes no transito. A falha de um motorista pode tirar a vida de outro e seus passageiros.

Os ônibus trafegam por uma malha viária. E o governo municipal, oferecendo e distribuindo as explorações de linhas, não tem como aferir e julgar planilhas apresentadas, pelos empresários e seus sindicatos empresariais. O governo não cria estratégias de aferimentos dos custos, de passageiros por quilômetros, percorridos e transportados. Ainda que delegue suas competências de mobilidade urbana territorial aos empresários. E torna-se refém de lobbys e empresários. Precisa recorrer do dinheiro do povo, que usa o transporte diariamente.

E quando acontece um aumento da tarifa nos transportes coletivos, manifestantes ocupam as ruas para um protesto. Um movimento contra um aumento da tarifa, e um movimento principalmente, pela melhoria do sistema de transporte público. O argumento do levante é o aumento. O povo na sua vida diária, não é uma categoria unida. O atropelo e o desespero do dia a dia, com horário desregrados não permitem uma parada ou uma aglomeração, para uma manifestação, cada um tem um horário e um trabalho a cumprir. O povo é controlado por rédeas, para seguir em uma direção. Com o argumento do velho tema, que tempo é dinheiro, e a cidade não pode parar. E a cidade que é estática, vai construindo os seus nós.

Mas com o aumento da tarifa, centavos se somam ao dia pós dia. De pequenas moedas no dia a dia, formam grandes cédulas mensais. O aumento do custo doméstico, vendo a família como uma empresa, que forma os filhos em cidadãos. Cidadãos que um dia vão construir e manter a cidade. E hoje já podem planejar um futuro. O desejo de um futuro melhor, com maior comodidade ao usar as ruas.

Então a reivindicação de um sistema que atenda a necessidade do povo usuário, o denominado cidadão. E facilite o transporte nas cidades, o espaço geográfico onde vive e reside o cidadão. Os raros usuários, são os que normalmente com seus carros, criticam, a partir do que avistam por trás de um vidro ou de um para brisas. Mas em algum momento, aqueles usuários motorizados, por algum momento, sem poder usar seus automóveis, serão beneficiados, pelos atos, dos que colocaram as caras nas ruas, seus corpos a disposição de cassetetes, e seus olhos expostos a gás de pimenta. Alguns podem até fazer um passeio de camburão, defendendo o bolso alheio.

Os motorizados, parecem ter nascido com quatro rodas. Primeiro se tornam uns desesperados por estarem por algumas horas ou alguns dias sem os seus carros. Depois descobrem que existem os transportes coletivos, para aqueles que nasceram sem rodas. Nos passeios noturnos e nos finais de semana, utilizam seus carros como justificativa de prioridades, comodidades e segurança. Abusam do álcool e dirigem promovendo insegurança. Colocam em risco os que voltam a pé. Utilizam automóveis particulares como argumento da tranquilidade em voltarem para casa. Mas não são capazes de largarem seus carros, e reivindicarem um transporte coletivo e eficiente de madrugada. Preferem o lado cômodo de serem críticos e motorizados. As cidades já não têm tantas ruas para a quantidade de carros. Ainda que, aqueles que compram um carro financiado, pagando dois ou três carros ao final do financiamento, parecem não estarem preocupados. O que importa é o status. Com o carro parado na porta do vizinho, para verem e apreciarem, e quem sabe até elogiarem.

Com as manifestações contra os aumentos. Ocorre um movimento que acontece, não apenas pela reivindicação do transporte. Há uma filosofia e uma ideologia embutida. Um desejo enclausurado. Um movimento por melhores condições de vida. Não há necessidade de provar por A+B, o quanto um transporte coletivo diminui a quantidade de veículos, trafegando nas ruas. Reduzindo congestionamentos, com economia de tempo, e a poluição do ambiente, E os denominados manifestantes, caminhando a pé reivindicam por melhores veículos, com conforto e eficiência, um respeito a um horário, que respeite uma planilha de horários, com pontualidade e eficiência. Abrigos protegidos do sol e da chuva, se possível do vento que influencia a direção da chuva.  Com faixas de protestos, reivindicam o respeito das faixas de pedestres, sempre ocupadas, por pedestres sentados e motorizados.

E os nobres e cultos motoristas, com ares de abonados, sempre prontos para uma crítica contra aqueles que interferem no seu conforto, atrapalhando seus itinerários e trajetos. Com seus automóveis posam na condição de um vencedor, do individual sobre o grupo coletivo. Já outros de frente a uma televisão, estabelecem uma sentença e uma pena, como se fossem deuses ou juízes. O carnaval dos carros alegóricos, de resultados tecnológicos das culturas importadas, com luzes coloridas, segue um bloco desfilando diariamente pelas ruas e avenidas, sistematicamente, seguem os carneirinhos, com a maioria branquinhos. Seguem na cadencia dos semáforos, com alguns escorregando do samba e das avenidas, em canteiros e calçadas, seguindo na contramão da educação. Precisam de multas para tentar aprender a lição.

Com seus carros e outros aparelhos dotados de GPS, podem ser facilmente localizados, por aqueles que dominam e controlam o sistema. Com ares de vencedores não percebem que são controlados, e usados contra um povo. O automóvel é a sua armadura, em um exército que ocupa as ruas. Uma estratégia oculta de invadir um território, com inovação e tecnologia.

Jogam e espalham lixo pelas ruas com seus movimentos velozes, colocando a culpa no menos protegidos, menos educados, e menos aculturados. Esquecem dos seus resíduos deixados e acumulados em Mariana/MG e agora em Jacareí/SP. Outros resíduos não visíveis afetam a camada de ozônio. E o rio que era doce se acabou. Grandes cidades em outros países, já estão abolindo o uso do automóvel. Natal/RN ainda permite o bugre em praias. O risco de ser atropelado tomando sol, deitado na areia.

Acessibilidades para os idosos e deficientes. Passe livre para estudantes, a caminho das escolas em busca de conhecimento. A vida é um movimento constante. Foi caminhando que o homem primitivo adquiriu conhecimento. Usou animais e inventou veículos para fazer viagens, chegando mais longe, adquirindo novos conhecimentos. O homem primitivo caminhou sem rodas, e sem tapa ouvidos. A paisagem e a natureza eram o seu conhecimento, continuando e aprendendo. O automóvel não foi inventado, para construir aglomerações e permanecerem parados, ou em estar em engarrafamentos. Um automóvel, proporciona um movimento, a auto mobilidade, e não justifica ficar parado ou estacionado impedindo outros movimentos, de outros caminhantes ou cadeirantes. As ruas e estradas, desde o princípio, quando eram picadas ou caminhos, eram o espaço de todos. Uma trilha para chegar ou partir.

O sistema público de transportes, é operado por empresas particulares e concessionárias, a partir de uma concorrência ou licitação. A empresas de transportes coletivos cumprem um papel do Estado. Facilitando o deslocamento daqueles que produzem mercadorias, serviços e divisas. O Estado e a Prefeitura, à medida que as cidades crescem devem facilitar os deslocamentos, entre o centro e a periferia. Sem contanto auferir lucros, devem criar alternativas com o planejamento, do aumento da sociedade que necessita de transportes para os seus deslocamentos. O transporte coletivo é um serviço de utilidade pública. Onde percorrem os passageiros pelos itinerários, e também se transporta mercadorias.

E os sistemas de implantação de melhoria de qualidade, não têm servido para nada. Uma ideia importada, para controlar um povo. A gestão da qualidade vem perdendo espaço, para a gestão do lucro. O oligopólio e o monopólio das empresas de transportes coletivos, não permitem uma outra escolha da população. Não há alternativas de escolher outros itinerários e outras empresas. Ainda que exista o transporte pirata. Em contrapartida e na contramão, as prefeituras parecem não trabalhar pelo povo, já que os prefeitos e os vereadores são eleitos pelo povo. Enquanto nas Câmaras e Assembleias formam-se os Lobbys. Homens de terno e gravata, lembram o velho Barata no domínio da Zona Oeste carioca. Os grandes empresários dos transportes coletivos. São autorizados a explorar linhas, sem explorar os passageiros. Praticam por concessão, uma obrigatoriedade do estado.

Enquanto o usuário é notificado e educado a facilitar o troco, os órgãos competentes não facilitam o desgaste e o sacrifício diário do usuário. Prometem mundos e fundos, com festas e alegrias para o futuro, em um momento indeterminado e indefinido, perdido no tempo, sem ao menos, melhorar o presente. Enquanto administradores públicos, prometem um futuro melhor, cortam a cidade em seus carros oficiais e blindados, com ar condicionado e vidro fechado, com película no vidro. A trave nos olhos, para não ver um município mal administrado. Estão sempre ocupados. Trabalham em lugares fechados, construindo regras e normas que facilitem seu dia a dia; debatem e lançam perdigotos, em seus colegas, com cafezinho e agua gelada, servidos em xicaras e taças, com direito a garçom e copeiro. Em seus carros, com motoristas, enxergam a cidade por um vidro embaçado. Uma visão distorcida da realidade. Em seus gabinetes sem janelas, enxergam o município por textos e imagens em telas. Viajam para outras cidades para agendar um carnaval. Convidam os artistas que convidariam para frequentar a sua casa. A arrecadação municipal, garante transporte, estadias e translado, pelas partes belas da cidade. Depois do carnaval acidade retorna a realidade.

E diariamente com os passageiros sentados e calados, em pé e suados, acalorados e apertados; atrasados e apressados, com o dia sofrido e calculado. Estes apreciam diariamente pelas janelas, uma manifestação do lado de fora. A manifestação daqueles que possuem automóveis. Os que se julgam serem donos das calçadas e das ruas. Aqueles que diariamente retiram seus carros de casas ou apartamentos, isolados em condomínios, com garagens e estacionamentos, para ocuparem um espaço na rua. Tiram seus carros de locais protegidos e abrigados do tempo, para expô-los nas ruas. Criam congestionamentos, isolando-se do mundo. Estacionam em fila ao longo do meio fio, da calçada e da pista, impedindo um pedestre, de atravessar uma rua. Agridem, intimidam e ameaçam, as vidas e a integridade, daqueles que com o uso dos pés e das pernas, ou com o uso de uma cadeira de rodas, procuram exercer seu direito de ir e vir.

Em um contrato de trabalho não constam clausulas, que obriguem o empregado, o contratado, aquele agora denominado como colaborador, a chegar no trabalho motorizado. E na CTPS, não consta alguma anotação como adendo as obrigações do empregado, que este deva usar veículo próprio para não chegar atrasado. Cabe a cidade promover um bom deslocamento, arrecadando impostos. Pelas janelas dos coletivos são avistados veículos: de quatro, cinco, ou mais lugares, e circulam pelas ruas, apenas com um elemento sentado, na condição de motorista e passageiro. Veículos que ocupam vários metros quadrados sobres as ruas, calçadas e pistas.

A reivindicação da melhoria do transporte, não é apenas uma atitude do manifestante, contra um aumento. Manifestante o adjetivo para depreciação do reclamante, do estudante e do trabalhador. É uma reivindicação que cabe ato todos. Cada prefeitura tem um compromisso social com seus colaboradores, cidadãos e moradores.

O automóvel é uma grande jogada internacional. Promovem uma venda casada, com veículos, manutenção e combustível, todos controlados por empresas multinacionais. Recebemos sistematicamente novas tecnologias, que já foram usadas e exploradas no exterior. Como não há mais espaço nas ruas os pátios das montadoras estão sempre lotados, criando sempre uma nova promoção para clientes iludidos, na busca do automóvel como símbolo. 

A atual indústria aeronáutica é a prova, para um futuro. Vem montando aviões de outros países, já que ainda não justificam maiores investimentos, com incentivos e isenções de impostos para se instalar em terras brasileiras. Até o dia que possam incutir na cabeça de possuidores de capital, o quanto é bom possuir um jatinho.

Quem compra um veículo, adquire um problema. E não importa o tamanho do automóvel, em relação ao tamanho da vaga. Um problema que não pode ser deixado na porta ou na calçada do outro. Quem usa um carro deve prever a necessidade de um estacionamento, no local de destino. E deve levar em conta o tamanho do seu veículo, buscando um local apropriado. A calçada é do pedestre, e feita para o pedestre, com uso exclusivo do pedestre, estando longe do fluxo de carros. A calçada é o livre espaço para todos, com a prioridade e uma necessidade do pedestre. Junto com os pedestres estão aquele com limitações motoras de deslocamento, com bengalas, muletas ou cadeira de rodas, as estratégias mais conhecidas. E a calçada cabe a responsabilidade do imóvel à frente. Cada imóvel tem uma responsabilidade sobre a calçada, o limite ente o imóvel e a rua. Cabe ao proprietário a manutenção e conservação da calçada, também denominada de passeio público.

A cultura surge e acontece nas ruas. E temos visto nas ruas uma cultura produzida pela tecnologia, com resíduos estocados em Mariana, que seguiram em direção ao mar. Com ar condicionado e rádio ligado; com película no vidro fechado e GPS, isolam-se do mundo, sem se importar com o que acontece do lado de fora. Seu mundo como um ovo, idolatrando a própria microcefalia. Seguem em seus carros dizendo serem vítimas do sistema, com deficiência de transportes e violência.

E a cultura nativa, aquela construída com a história e os costumes formados preservados, em um local, pode ser um instrumento de reduzir a violência. Mas há uma necessidade que o poder público, a começar pela prefeitura, que franquie o uso dos espaços públicos aos que estão dispostos a andarem por ruas e calçadas, promovendo e preservando a cultura, com música, teatro e poesia. O povo e a cultura precisam se encontrar e ocupar as praças e as calçadas.

A defesa do uso da literatura, a começar com o uso e da leitura dos estatutos, da criança, do adolescente, ou do idoso. E o estatuto ou as leis que preservam e priorizam os deficientes. E ainda temos uma outra literatura, as normas e regras de transito supostamente aprendidas, estudadas e decoradas, para fazer uma prova. E depois esquecidas pelos motoristas que possuem um automóvel e uma CNH.



Entre Natal/RN e Parnamirim/RN

Em 09/02/16



Textos disponíveis em:

O carnaval dos abusos pelas ruas e calçadas

PDF 576



Uma manifestação diária, que acontece nas ruas

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Uma manifestação diária, que acontece nas ruas

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Textos originais

Textos sobre mobilidade urbana


Manifestação silenciosa







A manifestação diária, que acontece nas ruas

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Publicado em Substantivo Plural




Em 02/02/16

Roberto Cardoso “Maracajá”

Produtor de conteúdo (Branded Content)










Em 09/02/2016

Entre Natal/RN e Parnamirim/RN



por
Roberto Cardoso (Maracajá)
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FAPERN/UFRN/CNPq

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